Stigmata (2010)

Skin Installation on Reynolds Palace, Estremoz, Portugal

Estigmas...

Marcas invisíveis, algumas mais visiveis, mas menos dolorosas. Escondo-me numa camuflagem tecida por mim mesma. Não sei quem me caça. Nem sei se sou caçada. Não sei se caço, nem que destino me avizinha.
A pele é transparente, gasta de bater à tôa em ávores.

De longe ouço gritos. Ouves-me? Vês-me? As forças estão sonolentas. Convergem na gravidade, revirando-me a espinha. Onde está quem eu amo? Onde está quem eu prezo? Onde estão os valorosos heróis das estórias?! Cresci de mãos dadas a bocados de nuvem, desfazem-se ao primeiro beijo encantado!
Os gritos cercam-me. Mas temo em ficar parada... espectante.... Que inimigos são estes que me julgam mais do que me conhecem? Que inimigos são estes que me aterrorizam pelos gritos? Que armas são estas que apenas provocam dor? A verdadeira dor é invisível! Chacina a alma, arranca-lhe pedaços e devora-se por completo.
Por mais tempo que passe, a camuflagem acaba por ser parte inerente da nossa pele. Não a conseguimos arrancar do corpo. Tornamo-nos isso, a superficie para onde somos empurrados.
As vestes acabam por ficar trôpegas e pesadas. Húmidas com o nosso suor e dor. Gastas e cansadas.
Choro com elas alinhavadas em mim. Um pedaço de perna, um pedaço de carne... um rosto disfigurado. Um corpo informe.
A identidade é o retrato de uma sombra fugidia, maldito pintor embriagado!